“Psicanálise” Desmascarada: Desconstruindo Falsidades e Mitos das Redes Sociais
Introdução
Num mundo cada vez mais digital, onde as redes sociais se tornaram
uma plataforma predominante para a troca de ideias e informações, a
psicanálise tem sido frequentemente mal interpretada, distorcida e,
em alguns casos, psicologizada. O objetivo deste artigo é
desmascarar essas falsas crenças e distorções, bem como reafirmar
a verdadeira natureza e função da psicanálise.
A psicanálise, criada por Freud e seus seguidores, é uma área de pesquisa que se concentra no estudo do inconsciente e de como os processos inconscientes impactam o comportamento humano. Mas nas redes sociais, a psicanálise é geralmente limitada a conselhos gerais, autoajuda e soluções rápidas para problemas complexos. Isso é uma distorção evidente do que a psicanálise realmente é, que é uma investigação minuciosa e individualizada do universo inconsciente do sujeito.
O prazer imediato das pessoas não é o objetivo da psicanálise. Por outro lado, o foco da psicanálise é examinar as tensões, os conflitos e os desejos reprimidos que podem ser a causa do sofrimento psicológico. Ao fazer isso, a psicanálise pode ajudar as pessoas a adquirir uma melhor compreensão de si mesmas e a descobrir maneiras de viver uma vida mais saudável e genuína.
É comum que as pessoas postem fotos de felicidade e sucesso nas redes sociais, dando a eles uma aparência ideal. A psicanálise nos lembra, no entanto, que a realidade é muito mais complexa e multifacetada do que essas imagens sugerem. A psicanálise nos propõe a olhar além da aparência, questionar as representações narcísicas e explorar as profundezas do nosso inconsciente.
É importante lembrar que a psicanálise não é uma "resposta" que você pode postar nas redes sociais para resolver um problema. A psicanálise é um caminho de autoconhecimento e autocompreensão que requer tempo, dedicação e perseverança. Uma resposta rápida ou uma postagem de rede social não podem anulá-lo.
Reconhecer e resistir às tentativas de psicologizar a psicanálise nas redes sociais é fundamental. A psicanálise, um campo único e valioso, tem muito a oferecer, mas apenas se for bem entendida e aplicada. Devemos nos esforçar para preservar a essência da psicanálise e informar o público sobre seu verdadeiro propósito e natureza.
É notória a tendência de apropriação da psicanálise por outras disciplinas, como a psicologia, e por instituições acadêmicas. O que demonstra claramente o interesse pelo valor e eficácia da psicanálise. Mas isso ameaça diluir e distorcer a essência deste nobre conhecimento. A maioria das pessoas considera a psicanálise uma subdisciplina da psicologia ou um campo de estudo que pode ser facilmente incorporado às estruturas acadêmicas atuais. No entanto, a psicanálise é um campo único com suas próprias metodologias, teorias e aplicações práticas; portanto, não pode ser reduzida ou incorporada a outros campos ou estruturas.
Outra forma de apropriação que ameaça a legitimidade da psicanálise é a tentativa de tornar a psicanálise uma "ciência" dependente de padrões acadêmicos e políticos. Embora a psicanálise possa se beneficiar do diálogo com outras disciplinas e da pesquisa acadêmica rigorosa, ela não deve ser obrigada a seguir os padrões ou agendas políticas de outras disciplinas.
A psicanálise tem em sua essência uma certa rebeldia. Ela contesta os padrões, questiona as crenças e se recusa a aceitar as coisas como elas são. Por natureza, a psicanálise não pode ser apropriada ou aceita pelo mainstream.
Mas a resistência da psicanálise à apropriação não a torna inviável ou elitista. Por outro lado, a psicanálise é uma área de estudo profundamente humana que se concentra nas experiências, desejos e dores das pessoas comuns. Em última análise, a psicanálise é uma ciência popular, então deve ser acessível e relevante para todos, independentemente de sua formação acadêmica ou política.
Por fim, devemos resistir às tentativas de apropriar a psicanálise e lutar por sua independência e autonomia. Embora seja uma disciplina valiosa e singular, a psicanálise tem muito a oferecer se for bem entendida e aplicada. Devemos nos esforçar para informar o público sobre a verdadeira natureza da psicanálise e seu propósito, bem como para garantir que ela continue sendo um instrumento para a compreensão e transformação humanas.
A confusão entre psicoterapia e psicanálise é outro erro comum que deve ser corrigido. Uma abordagem para promover o bem-estar psicológico e tratar problemas de saúde mental é fundamentalmente diferente da outra.
Uma variedade de abordagens, como a terapia cognitivo-comportamental, a terapia centrada na pessoa de Carl Rogers e a terapia gestalt, estão incluídas no termo amplo psicoterapia. Cada uma dessas abordagens tem suas próprias teorias sobre o que é a mente humana, seus métodos de tratamento e o objetivo de tratamento.
Por outro lado, a psicanálise é um método específico que se concentra no estudo do inconsciente e como os processos inconscientes afetam o comportamento humano. A psicanálise investiga os conflitos, tensões e desejos reprimidos que causam sofrimento psicológico por meio de métodos como a livre associação e a interpretação de sonhos.
A confusão entre a psicanálise e a abordagem centrada na pessoa de Carl Rogers é um caso comum. Ao mesmo tempo em que ambas valorizam a experiência individual, a abordagem de Rogers se concentra na experiência imediata e subjetiva do indivíduo. A psicanálise, por outro lado, se concentra no inconsciente e nos processos mentais que podem não estar disponíveis imediatamente à consciência.
A psicanálise também é frequentemente confundida com outras áreas da psicologia, como a psicologia cognitiva ou a psicologia comportamental. Embora todas essas abordagens sejam úteis e úteis, é importante reconhecer que a psicanálise é uma disciplina única com suas próprias teoria, prática e metodologias.
Por fim, devemos resistir à tentativa de misturar a psicanálise com outras psicoterapias. Cada método tem seus próprios benefícios e contribuições, e devemos valorizar a unicidade e a força de cada um.
I. A Psicanálise Não é o que Dizem nas Redes Sociais
Em
nossa era digital, as redes sociais se tornaram uma plataforma
predominante para a comunicação de informações e opiniões. Mas a
simplicidade e a rapidez dessas plataformas podem causar confusões e
distorções, especialmente quando se trata de conceitos complexos e
obscuros como a psicanálise.
Conselhos gerais, autoajuda e soluções rápidas para problemas complexos são algumas das formas mais comuns de uso da psicanálise nas mídias sociais. Esta é uma distorção evidente do que a psicanálise realmente é, que é uma investigação minuciosa e individualizada do universo inconsciente do sujeito. A psicanálise não é uma prática rápida. É um processo que requer tempo, paciência e dedicação.
Na psicanálise, o tempo de análise é um componente importante que é frequentemente mal compreendido. A análise psicanalítica não pode ser acelerada ou acelerada para cumprir um cronograma. O tempo de análise pode variar significativamente de um indivíduo para outro, dependendo de vários fatores, como a natureza do problema ou problema que o indivíduo está enfrentando, a profundidade e complexidade dos processos inconscientes do indivíduo e sua disposição e capacidade para participar do processo analítico.
A análise psicanalítica pode ser um processo longo e demorado em certos casos. Isso não é um erro ou uma deficiência da psicanálise; é uma reflexão da complexidade e profundidade do trabalho que está sendo realizado. O objetivo da psicanálise é ir além das aparências superficiais e penetrar nas profundezas do inconsciente, um processo lento e impreciso.
É importante lembrar que as expectativas do sujeito sobre a análise podem não corresponder às suas necessidades ou preferências reais. A psicanálise reconhece que o que pensamos que queremos pode não ser o que realmente precisamos, e que os desejos conscientes e inconscientes frequentemente conflitam. O objetivo da análise psicanalítica é ajudar as pessoas a identificar e resolver esses conflitos; esse processo pode ser difícil e desconfortável, mas é essencial para o desenvolvimento e a transformação pessoal.
Por fim, a psicanálise é um processo profundo e complexo e não pode ser tratada como um conselho geral ou uma solução pronta. Ela é uma jornada de autoconhecimento e autoexploração que requer tempo, paciência e dedicação. Não pode ser apressada ou simplificada para atender às expectativas ou comodidades contemporâneas.
A psicanálise não é uma "resposta" que você pode postar nas redes sociais para resolver um problema. Uma compreensão errada do que a psicanálise realmente é possível devido à natureza instantânea e efêmera das redes sociais, por isso é importante enfatizar esse conceito. A psicanálise é um caminho de autoconhecimento e autocompreensão que requer tempo, dedicação e perseverança. Uma resposta rápida ou uma postagem de rede social não podem anulá-lo.
A psicanálise não é uma maneira rápida de resolver problemas complexos. Embora não ofereça respostas prontas ou fáceis, oferece uma oportunidade para explorar e compreender os processos subconscientes que sustentam nossos pensamentos, emoções e ações. A psicanálise é um processo que requer uma dedicação e disposição para se engajar em um trabalho profundo e muitas vezes desafiador.
É comum que as pessoas nas redes sociais procurem respostas rápidas e soluções simples para seus problemas. No entanto, a psicanálise nos recorda que não há uma resposta única e universal para a complexidade e as diversas facetas da compreensão humana. A psicanálise estuda a complexidade e a profundidade das experiências pessoais, reconhecendo que cada pessoa é única.
Além disso, a psicanálise não é uma ferramenta para promover-se ou idealizar-se. Esta é uma ideia que precisa ser destacada, pois é comum ver pessoas postando imagens de felicidade e sucesso nas redes sociais, dando a impressão de que tudo está bem. Muitas vezes, essas postagens fornecem uma visão distorcida da realidade, que é cuidadosamente distorcida para fornecer uma visão idealizada do mundo.
A psicanálise nos lembra, no entanto, que a realidade é muito mais complexa e multifacetada do que essas imagens sugerem. A psicanálise nos propõe a olhar além da aparência, questionar as representações narcísicas e explorar as profundezas do nosso inconsciente. Em vez de ocultar nossas próprias inseguranças, medos e desejos reprimidos, ela nos desafia a confrontá-los.
A psicanálise propõe o reconhecimento e a aceitação de nossa humanidade, com todas as suas imperfeições e complexidades. Ela nos lembra que todos nós temos falhas, conflitos internos e lutas. A psicanálise propõe que aceitemos essas verdades desconfortáveis em vez de as negarmos ou escondê-las.
Além disso, a psicanálise desafia a noção de que a aparência ou o sucesso pessoal de uma pessoa podem ser a medida de seu valor. Ela nos lembra que nossa capacidade de compreender e ser genuínos com nós mesmos, bem como nossa capacidade de crescimento pessoal, são as fontes do verdadeiro valor.
Por último, mas não menos importante, a psicanálise não é uma ferramenta para promover-se ou construir uma autoimagem idealizada. Ela é uma viagem de autoconhecimento e autoexploração que nos desafia a olhar além das aparências, questionar as representações narcísicas e explorar as profundezas do nosso próprio inconsciente. A psicanálise nos convida a aceitar e acolher nossa humanidade, com todas as suas imperfeições e complexidades.
Por fim, uma resposta rápida ou uma postagem de rede social não podem explicar a psicanálise como um processo profundo e complexo. Ela é uma jornada de autoconhecimento e autoexploração que requer tempo, paciência e dedicação. Não pode ser apressada ou simplificada para atender às expectativas ou comodidades contemporâneas.
Além disso, a psicanálise não é uma ferramenta para promover-se ou idealizar-se. É comum que as pessoas postem fotos de felicidade e sucesso nas redes sociais, dando a eles uma aparência ideal. A psicanálise nos lembra, no entanto, que a realidade é muito mais complexa e multifacetada do que essas imagens sugerem. A psicanálise nos propõe a olhar além da aparência, questionar as representações narcísicas e explorar as profundezas do nosso inconsciente.
É importante ter em mente que a psicanálise não é uma "ciência" fácil de classificar ou descrever. Este conceito deve ser enfatizado porque, especialmente nos campos acadêmico e científico, é comum tentar enquadrar a psicanálise em categorias ou definições pré-estabelecidas.
A psicanálise é um campo distinto com seus próprios métodos, teorias e aplicações. É difícil para ela se encaixar nos paradigmas e estruturas atuais. A psicanálise não é uma ciência tradicional. Ela se baseia em uma investigação qualitativa abrangente da experiência humana, em vez de experimentos controlados ou dados quantitativos.
A psicanálise não pode ser reduzida ou incorporada a outros campos ou estruturas teóricas. Ele não é um ramo da medicina, psicologia ou qualquer outra disciplina. A psicanálise é um campo independente que tem suas próprias teorias, métodos e aplicações. Ela tem sua própria linguagem, ideias e maneiras de entender e trabalhar com a experiência humana.
Além disso, a psicanálise não é uma disciplina fixa. Ela está sempre mudando e crescendo à medida que novas práticas e teorias são exploradas e à medida que entendemos mais sobre a mente humana e a experiência humana. A psicanálise é uma disciplina viva e em evolução.
Por fim, a psicanálise é um campo único e complexo que não pode ser categorizado ou definido facilmente. Ela não pode ser reduzida ou incorporada a outras estruturas ou disciplinas, pois possui sua própria metodologia, teoria e prática. Uma abordagem aberta, curiosa e flexível é necessária para a psicanálise como um processo de autoconhecimento e compreensão.
Concluindo, reconhecer e resistir às distorções da psicanálise nas redes sociais é fundamental. A psicanálise, um campo único e valioso, tem muito a oferecer, mas apenas se for bem entendida e aplicada. Devemos nos esforçar para preservar a essência da psicanálise e informar o público sobre seu verdadeiro propósito e natureza.
II: A Psicanálise não é um meio de satisfação ou justificação do Gozo.
É
importante esclarecer que a psicanálise não é uma ferramenta para
satisfazer o gozo em uma era de gratificação instantânea, onde a
busca de prazer imediato parece ser a norma. Ao contrário, a
psicanálise é uma jornada de autoconhecimento e autoexploração
que frequentemente envolve enfrentar e trabalhar através de tensões,
conflitos e desejos reprimidos.
A psicanálise não oferece curas instantâneas. Ela não dá conselhos fáceis ou fórmulas mágicas para o sucesso. A psicanálise não é um caminho para a realização de desejos. Em essência, a psicanálise é um processo de descobrimento e transformação que requer tempo, dedicação e dedicação.
Mas a psicanálise é frequentemente mal interpretada ou distorcida para se adequar a essa mentalidade em nossa sociedade obcecada por prazer e consumismo. Há uma tentação de transformar a psicanálise em uma terapia de "sinta-se bem", prometendo aliviar o sofrimento e satisfazer os desejos imediatamente. No entanto, essa é uma distorção evidente do verdadeiro significado e natureza da psicanálise.
A psicanálise não trata de fugir da dor ou buscar e legitimar o prazer a qualquer custo. É sobre lidar com nossa própria existência, com todas as suas complicações, contradições e dificuldades. É sobre aprender a viver uma vida mais genuína e significativa, mesmo que isso implique lidar com aspectos desconfortáveis ou perturbadores de nós mesmos.
O objetivo da psicanálise não é o alcance a justificação do prazer; em vez disso, ela ajuda a compreender o prazer. Ela nos ajuda a entender por que procuramos prazeres específicos e evitamos dores específicas, bem como como esses padrões de busca e evitação podem estar impedindo que vivamos uma vida plena e genuína.
É importante resistir às tentativas de usar a psicanálise como um meio de satisfazer o prazer. A psicanálise, uma disciplina séria e profunda, oferece muito, mas apenas se for bem entendida e aplicada. Deveríamos nos esforçar para preservar a essência da psicanálise e informar o público sobre seu verdadeiro propósito e natureza.
A interpretação da psicanálise do desejo é única e complexa. A psicanálise reconhece que o desejo é uma força poderosa e muitas vezes ambígua que pode tanto enriquecer quanto causar sofrimento. Isso difere de algumas abordagens que veem o desejo como algo a ser simplesmente liberado da repressão para que possa ser satisfeito.
A satisfação indiscriminada de todos os desejos não é uma posição defendida pela psicanálise. Por outro lado, ela reconhece que nem todos os desejos podem ou devem ser atendidos. Alguns desejos podem ser ruins ou perigosos para uma pessoa e para os outros. A satisfação indiscriminada de tais desejos pode resultar em comportamentos semelhante à psicopatia ou à perversão.
A psicanálise considera o desejo como algo que requer compreensão em vez de satisfação. Ela procura descobrir de onde vêm os desejos e como eles estão relacionados a experiências anteriores, conflitos internos e dinâmicas inconscientes. A psicanálise reconhece que a satisfação do desejo nem sempre resulta na felicidade ou no bem-estar, e que os desejos são muitas vezes complexos e contraditórios.
Além disso, a psicanálise admite que a repressão do desejo pode ter resultados desfavoráveis. A repressão pode causar uma variedade de sintomas psicológicos, como compulsões, ansiedade e depressão. No entanto, a solução não é simplesmente liberar o desejo de repressão; em vez disso, é necessário compreender o que significa esse desejo e encontrar maneiras genuínas e saudáveis de lidar com ele.
Como exemplo, a conformidade com os padrões morais ou sociais não é o que constitui a ética na psicanálise lacaniana. Em vez disso, a ética é uma questão de ser verdadeiro em relação ao próprio desejo. Lacan define a ética do desejo como o núcleo da psicanálise. Isso indica que o objetivo da análise não é moldar o sujeito às normas sociais ou ajudá-lo a alcançar uma felicidade idealizada; em vez disso, o objetivo é permitir que o sujeito se confronte com seu próprio desejo na sua forma mais pura e genuína.
A ética do desejo exige uma honestidade radical. Isso significa identificar e aceitar seus próprios desejos, mesmo que sejam desconfortáveis, perturbadores ou socialmente inaceitáveis. Isso não significa que o sujeito deva agir em relação a todos os seus desejos; em vez disso, ele deve reconhecer e aceitar que seus desejos existem, em vez de negá-los ou impedi-los de se manifestar.
A ética do desejo envolve responsabilidade. Isso significa que, em vez de atribuir a responsabilidade a outros ou a circunstâncias externas, o indivíduo deve assumir a responsabilidade por seu próprio desejo. Além disso, isso significa que o sujeito deve estar disposto a lidar com as consequências de seus desejos em vez de os evitar ou negar.
Em conclusão, a ética do desejo é a base da psicanálise lacaniana. É uma questão de ser genuíno, honesto e responsável pelo próprio desejo. É uma ética que coloca o sujeito em confronto direto com a realidade de seus próprios desejos, desafiando as normas sociais e morais convencionais.
Por fim, a psicanálise permite uma compreensão mais profunda e complexa do desejo. Ela reconhece que o desejo é uma força poderosa que pode fazer o bem e o mal, e que o caminho para lidar com o desejo não é a satisfação indiscriminada, mas a compreensão e a integração conscientes.
III: A Psicanálise e a Falsidade nas Redes Sociais
Devido
ao seu foco na manutenção de uma vida ideal, as redes sociais
tornaram possível a exibição de identidades idealizadas. Esta
inclinação para a autopromoção e a construção de uma imagem
idealizada é diametralmente oposta à abordagem da psicanálise, que
busca desvendar as camadas de autoengano e ilusão que frequentemente
acompanham nossa imagem de nós mesmos no mundo.
Em contraste com as redes sociais, a psicanálise examina o que está escondido, o que é negado e reprimido em vez de suas facetas superficiais. Ela nos propõe a olhar além das aparências, questionar as representações narcísicas que construímos e explorar as profundezas do nosso inconsciente.
As redes sociais podem nos encorajar a procurar validação externa e avaliar nosso valor com base em curtidas e seguidores. Mas a psicanálise nos lembra que esses critérios superficiais não podem avaliar o quão importante somos. Ela nos desafia a enfrentar nossas próprias vidas, com todas as suas falhas, contradições e conflitos.
Além disso, a psicanálise nos recorda que a felicidade e a realização genuínas surgem de um envolvimento genuíno com nossos próprios conflitos e desejos, em vez de uma imagem idealizada de nós mesmos. Ela nos aconselha a deixar de lado nossas aparências superficiais e em vez disso, a buscar uma compreensão mais completa e genuína de nós mesmos.
Por último, mas não menos importante, a psicanálise oferece uma alternativa à cultura idealizada das redes sociais. Ela nos dá uma maneira de entender a nós mesmos e as outras pessoas que é mais profunda, mais rica e mais genuína do que a imagem que construímos em nossas mentes na internet. A psicanálise nos leva a olhar além do que é evidente, a questionar as crenças que temos e a explorar as profundezas do nosso inconsciente.
IV: O que é Então a Psicanálise e Quais suas Missões Fundamentais
A psicanálise, em sua essência, é uma disciplina que busca
explorar e entender o inconsciente humano. Ela se distingue de outras
abordagens psicológicas por sua ênfase no inconsciente e na maneira
como nossos desejos, conflitos e experiências reprimidas moldam
nosso comportamento e nossa experiência de vida.
Uma das missões fundamentais da psicanálise é permitir que os indivíduos ganhem uma compreensão mais profunda de si mesmos. Ela busca desvendar os processos inconscientes que influenciam nossas ações, nossos pensamentos e nossos sentimentos. Ao fazer isso, a psicanálise pode ajudar os indivíduos a entender melhor suas motivações, seus conflitos internos e as forças inconscientes que moldam suas vidas.
Outra missão fundamental da psicanálise é facilitar a transformação pessoal. Ao trazer à luz os processos inconscientes e ao ajudar os indivíduos a confrontar e trabalhar através de seus conflitos internos, a psicanálise pode promover uma mudança profunda na maneira como os indivíduos se relacionam consigo mesmos e com os outros.
Além disso, a psicanálise tem uma missão crítica de desafiar as normas sociais e culturais que restringem nossa compreensão de nós mesmos e dos outros. Ela nos convida a questionar as suposições predominantes e a explorar as maneiras pelas quais nossas identidades e experiências são moldadas por forças sociais e culturais.
Por fim, a psicanálise tem uma missão de promover a autenticidade. Ela nos encoraja a sermos verdadeiros com nossos desejos e a viver de uma maneira que esteja alinhada com nosso verdadeiro eu, em vez de conformar-se com as expectativas sociais ou buscar a aprovação dos outros.
A psicanálise é uma disciplina única que busca explorar o inconsciente humano, promover a autocompreensão, facilitar a transformação pessoal, desafiar as normas sociais e culturais e promover a autenticidade. Estas são suas missões fundamentais e são elas que a distinguem de outras abordagens psicológicas e a tornam uma disciplina valiosa e poderosa.
Conclusão
Ao navegarmos pelas águas turbulentas do século XXI, encontramos
várias imagens e histórias que tentam definir quem somos e como
devemos viver. As redes sociais, em particular, se tornaram um palco
para a exibição de identidades idealizadas; frequentemente, a
complexidade da experiência humana é resumida em uma série de
imagens bonitas e postagens otimistas.
A psicanálise surge neste contexto como uma bússola que nos ajuda a navegar pela complexidade de nossa própria psique. Ela nos desafia a olhar além das aparências, questionar as imagens narcísicas que construímos e explorar as profundezas do nosso próprio inconsciente.
No entanto, a psicanálise não é um remédio, nem uma ferramenta para aumentar a autoestima ou construir uma imagem idealizada de si mesmo. Ela não oferece soluções fáceis ou rápidas. A psicanálise, por outro lado, aborda a complexidade, os conflitos e os desejos mais profundos da humanidade.
Em relação ao espetáculo das redes sociais, a psicanálise pode oferecer uma alternativa, uma forma diferente de entender a nós mesmos e os outros. uma maneira que se baseia em uma investigação sincera e profunda de nossa própria psique, em vez de imagens idealizadas ou histórias simplistas.
A psicanálise nos desafia a ser genuínos, sinceros em relação aos nossos desejos e a conduzir nossas vidas de acordo com nosso verdadeiro eu. Ela nos aconselha a deixar de lado nossas aparências superficiais e em vez disso, a buscar uma compreensão mais completa e genuína de nós mesmos. É possível que, fazendo isso, possamos descobrir uma forma de vida mais rica, significativa e genuína.
Mas é preciso fazer uma pergunta: estamos realmente preparados para enfrentar a complexidade de nossa própria psique? Estamos dispostos a confrontar a realidade de nossos desejos e conflitos internos e a abandonar as imagens idealizadas que projetamos nas redes sociais? Estamos dispostos a abandonar a busca de validação externa e a embarcar na difícil jornada que a psicanálise exige para a autocompreensão e transformação pessoal?
A psicanálise nos desafia a responder a essas questões complicadas. Ela nos desafia a olhar além das aparências e questionar as narrativas simplistas que muitas vezes aceitamos sem pensar. Ela nos desafia a ser genuínos, honestos com nossos desejos e a viver de uma maneira que esteja de acordo com nosso verdadeiro eu.
Mas a psicanálise também é criticada. Ela é frequentemente acusada de ser obscura, difícil de atingir e desconectada do mundo real. Alguns dizem que a psicanálise é uma coisa do passado e que não tem mais importância em um mundo dominado pela tecnologia e pelas redes sociais.
Embora essas críticas sejam razoáveis, elas negligenciam o essencial da psicanálise. A psicanálise não procura respostas fáceis. Por outro lado, a ciência nos desafia a investigar, estudar e confrontar a complexidade de nossa psique.
Como resultado, o problema não é se a psicanálise é útil em um mundo dominado pelas redes sociais; o problema é se estamos dispostos a aceitar os desafios que ela apresenta. Estamos dispostos a olhar além do que parece, a questionar as histórias superficiais e a explorar as profundezas de nossa psique? Estamos dispostos a mostrar nosso verdadeiro eu, ser honestos com nossos desejos e viver de uma maneira que esteja de acordo com nosso verdadeiro eu?
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